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sábado, 2 de julho de 2016

Adeus à Sibipiruna

Acordar, especialmente nos fins de semana, quando o barulho estava reduzido, era uma delícia! Eu costumava ficar alguns minutos ouvindo os passarinhos - dezenas deles - cantando e interagindo na imensa sibipiruna. Sua beleza imponente em seus mais de 20 metros de altura, galhos fortes e fartos, folhas verde-escuro, atraíam muitos tipos de pássaros: periquitos, coleiros, sanhaços, laranjinhas, bentevis... todos tinham um bom galho pra pousar e cantar a plenos pulmões, naquele gigantesco "condomínio verde" !


Eu costumava dizer que os vizinhos estavam irritados, porque os periquitos pareciam discutir entre sí. Sempre havia um piando num tom mais alto, como se estivesse reclamando de alguma coisa.  Mas no geral, eles cantavam, conversavam e celebravam, provavelmente por ter aquela bela casa!


Mês após mês eu registrei as mudanças na querida sibipiruna, admirando sua beleza imponente e imaginando todas as coisas que ela havia testemunhado, em sua muda contemplação. Eram mais de 100 anos de existência. O Belenzinho tem 124 anos.


Mas chegou o momento do adeus: semana passada (26 de junho a 2 de julho de 2016) chegaram os homens do setor de poda e remoção de árvores, e começaram a cortar os galhos. Foram 6 dias cortando galhos. Só, então, ficamos sabendo da "doença" da sibipiruna, e do risco que seu tamanho gigantesco representava para o local. Durante a semana assistimos, muitos de nós com lágrimas nos olhos, a derrubada do melhor dos seres da vizinhança. Melhor, sim, porque enquanto humanos todos temos defeitos, ao contrário das árvores que fazem seu trabalho silencioso e eficaz, sem uma queixa. 


Só nos restou a despedida e o agradecimento por tantos anos de bom trabalho gratuito. Não posso deixar de considerar que se nós, humanos, tivéssemos prestado mais atenção nela, se tivéssemos pedido ajuda para um profissional.. enfim.. talvez ela não ficasse tão doente. Mas só a admiramos e contamos com ela, como se fosse eterna.



Adeus querida árvore.. eterna gratidão pela tua existência! sua ausência revela as casas germinadas, feias e tristes.. e um buraco, que mais parece uma ferida aberta, na calçada.







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